Sobre o Bloco
Canções são pequenas histórias contadas em 3 ou 4 minutos. Através da ideia de “Forrobodó”, os significados tanto de dança quanto de confusão estiveram presentes na concepção do Bloco, mostrando histórias que podem ser contadas e cantadas. O tema nordeste é intrínseco ao forró e no bloco aparece com vários elementos, como a serra que abriga o forró sob seus pés, o céu estrelado - remetendo às constelações da Bandeira Nacional, o Rio São Francisco, o sertão e seus cactos, entre outros. Avança também sobre o sudeste, tendo Dunas de Itaúnas/ES como um novo polo do forró. No selo, o trio “clássico” – o zabumba, o triângulo e a sanfona – mantém o forrobodó aceso, tanto a música quanto a confusão. Buscou-se uma estética de traços mais rústicos inspirados em obras de xilogravura. A técnica utilizada foi ilustração vetorial.
FORRÓ
Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil
No dia seis de setembro de 2005 foi sancionada a Lei que criou o Dia Nacional do Forró. 13 de dezembro foi a data escolhida para homenagear o Forró, mesmo dia que marca o nascimento do Rei do Baião, Luiz "Lua" Gonzaga (1912-1989), responsável por disseminar esse gênero musical que, desde 2021, tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O Forró está classificado como supergênero musical, já que nele se reúnem o xote, o xaxado, o baião, o arrasta-pé/pé-de-serra, tendo como base instrumental a sanfona (oito baixos), o triângulo e o zabumba.
Há divergências entre estudiosos da área sobre a origem do termo “Forró”. Duas linhas de pesquisa se apresentam etimologicamente: a primeira, advinda da palavra “forrobodó”, que de acordo com o Dicionário Aurélio significa “arrasta-pé; farra; troça; confusão; desordem”, esta muito defendida pelos acadêmicos. A segunda, faz aposição às palavras inglesas “for all” (que em português quer dizer: “para todos”), mais popular entre forrozeiros e músicos, inclusive bem aceita por Luiz Gonzaga.
Porém, sem comprovação histórica, a segunda teoria afirma que engenheiros britânicos, fixados na região de Pernambuco durante a construção da malha ferroviária, administrada pela empresa The Great Western of Brazil Railway Company Limited, costumavam promover festas abertas ao público e o termo “for all” impresso em seus convites e cartazes logo virou a expressão “Forró” nordestinamente pronunciada.
Quanto ao primeiro termo, a Enciclopédia da Música Brasileira afirma que a palavra “Forró” já era utilizada bem antes do “for all”, ainda na segunda metade do século 19, inclusive com registro em 1899, pela primeira vez, em um dicionário, fortalecendo a ideia da origem no forrobodó. A palavra nomeia ainda, em 1911, uma operetta de Chiquinha Gonzaga com estreia no Rio de Janeiro. O gramático Evanildo Bechara afirma que a expressão forrobodó vem do galego forbodó, “baile popular”, que por sua vez, deriva do francês faux- -bourdon.
Os animados bailes de Forró dessa época eram realizados em lugares de chão batido, na terra mesmo, e para evitar levantar tanta poeira, enquanto se dançava, molhava-se o chão antes da festa começar, além dos casais dançarem arrastando os pés, no famoso “dois pra lá e dois pra cá”. Assim, a dança do Forró ficou logo conhecida como “Rastapé” ou “Arrasta-pé”.
Mas foi na década de 1950 com os sucessos “Forró de Mané Vito” (Luiz Gonzaga/Zé Dantas) e “Forró no Escuro” (Luiz Gonzaga), que o cantor e compositor Luiz Gonzaga introduziu a palavra Forró no mundo da música, começando assim a ser usada de fato.
As letras falavam do modo de vida do homem sertanejo, retratando os hábitos, os costumes, as alegrias e tristezas, as dificuldades, os amores e desamores, as lembranças e saudades da terra nordestina, ou do Norte, como assim à época era chamada. Essa é considerada a Primeira Fase, e nomes como Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos e Sivuca seguiram os passos do Rei do Baião Luiz Gonzaga.
Artistas como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Gilberto Gil, e Nando Cordel, misturando os ritmos do Pop Rock com o Forró tradicional, em meados de 1975, promoveram a transição para Segunda Fase, a do Forró Universitário que inseriu novos instrumentos como a guitarra elétrica e o contra baixo, abrindo espaços para artistas regionais como Alcimar Monteiro, Petrúcio Amorim e Jorge de Altinho.
Na Terceira Fase, o Forró Eletrônico dos anos 1990, apresentou um ritmo mais estilizado, mesclando o Forró ao estilo Sertanejo Romântico. A sanfona, o triângulo e a zabumba cederam espaço para o órgão eletrônico, para a bateria e demais outros instrumentos que formam uma banda composta por integrantes diversos, entre músicos, intérpretes e bailarinas.
Bandas como Mastruz com leite, Magníficos, Calcinha Preta, Aviões do Forró e muitas outras representam essa fase que atingiu diversos sucessos em todo o país.
Independente das fases, o Forró vive seu auge durante os festejos juninos em cidades como Campina Grande/PB e Caruaru/PE, esta última, conhecida como a Capital do Forró. Ambas as cidade promovem mega festas, que duram em média 30 dias, de forró intenso, espalhados em diversos polos que animam os forrozeiros, ofertando o Forró em todas as suas fases.
Mas, quando o assunto é Forró, não se pode negar que o ritmo contagia todos os estados brasileiros, de Norte a Sul, do pé-de-serra ao eletrônico.
Por meio da emissão deste bloco especial, os Correios homenageiam este importante gênero musical brasileiro, parte importante da História da música do nosso país e sobretudo do nosso Nordeste.
George Pereira
Professor/Historiador
Detalhes Técnicos
Edital nº 20
Arte: Daniel Effi – Correios
Processo de Impressão: Ofsete
Papel: cuchê gomado
Bloco com 1 selo
Valor facial: R$ 6,50
Tiragem: 14.000 blocos
Área de desenho: 38 x 38mm
Dimensão do selo: 38 x 38mm
Dimensões do bloco: 70 x 100mm
Picotagem: 11,5 x 11,5
Data de emissão: 13/12/2022
Locais de lançamento: Campina Grande/PB e Caruaru/PE
Impressão: Casa da Moeda do Brasil
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