top of page

Lançamento | Auto da Compadecida


Sobre o Selo

Por Manuel Dantas Suassuna e Ricardo Gouveia de Melo

O selo é um emblema, uma bandeira. Assim sendo, é Armorial por natureza. Ao receber a solicitação do Correios, nós, Ricardo Gouveia de Melo, e Manuel Dantas Suassuna partilhamos a missão - como tantas outras que seguimos juntos. A celebração do Auto da Compadecida foi então prontamente associada ao amor imortal que uniu e seguirá a unir Zélia e Ariano. “Meu sangue ferve contra a vão Razão e pulsa seu amor na escuridão!”, diz Ariano em seu poema “A Mulher e o Reino”. Para a arte, através de composição digital, utilizamos um desenho de Zélia Suassuna, que ilustrou a capa da mais recente edição da peça, em publicação lançada pela editora Nova Fronteira, e fizemos uma ligadura, uma fusão entre o ferro utilizado por Ariano (como uma espécie de identificação) e o de sua amada Zélia. Salve, viva, eternamente!


Auto da Compadecida

O Auto da Compadecida foi a peça que projetou nacional e internacionalmente o nome de Ariano Suassuna, alçando-o à condição de um dos nossos maiores dramaturgos. Escrita em 1955, é considerada, na visão dos nossos melhores críticos de teatro, uma das mais importantes obras da moderna dramaturgia brasileira. Encenada em diversos países e publicada em vários idiomas, entre os quais o inglês, o francês, o espanhol, o alemão, o polonês e o italiano, a peça motivou, até os nossos dias, três versões para o cinema. Baseada em histórias populares do Nordeste, revela a influência que o autor recebeu não apenas da literatura de cordel e dos espetáculos de circo, mas de todo um teatro de tradição mediterrânea e da novela picaresca espanhola. Expressa, de modo admirável, a proposta de um teatro fortemente comprometido com o nosso país e o nosso povo, sem jamais cair no engajamento panfletário que faz da obra de arte um indesejável cavalo de batalha.

As ações e os diálogos do Auto da Compadecida parecem ocorrer de modo improvisado, espontâneo, construindo-se à vista do público, para, no final, deixarem claro que fazem parte de uma construção sólida e complexa, revelando a engenhosidade do autor nas ligações de cenas e atos, ou mesmo na entrada dos personagens no palco, sempre no tempo certo para levar a encenação à frente. As histórias do Romanceiro Popular Nordestino nas quais o autor se baseou não são simplesmente adaptadas para o palco, mas recriadas, enriquecidas, ampliadas naquilo que têm de universal, o que Suassuna consegue fazer com mestria e rara habilidade, de modo que a costura de enredos tão díspares resulta, na peça, em surpreendente unidade. Partindo, assim, de matrizes textuais sedimentadas ao longo do tempo, o Auto da Compadecida atinge a originalidade consequente de toda grande obra de arte, construindo-se no presente a partir de um diálogo sempre vivo com o passado.

Se é inegável que o teatro de Suassuna possui um caráter moralizante, de forte moral católica, sendo construído a partir de uma visão religiosa do homem e do mundo, não é menos verdade que, nesse teatro, a moral e a política se encontram tão intimamente ligadas que é quase impossível separá-las — são aspectos complementares, como se fossem faces de uma mesma moeda. A visão religiosa do autor não é acomodatícia, mas instrumento de luta e sinônimo de esperança em dias melhores. É visão questionadora de si mesma, e que, nesse constante repensar-se, não sobreviveria sem o elemento político — aqui entendido num sentido mais amplo e humano do que o meramente partidário.

Isso explicaria, em parte, o fato de o autor ter sido severamente criticado, quando do lançamento do Auto da Compadecida, tanto por setores da extrema direita (incluindo, aí, a ala mais retrógrada da Igreja), que o acusavam de “comunista”, quanto por setores da esquerda, marxistas que o tachavam de “conservador” ou “reacionário”.

As críticas passaram e a peça ficou, prova de que o Auto da Compadecida possui aquele quê de humanidade que atribui, a toda grande obra de arte, um aspecto supratemporal, uma verdade permanente.

É preciso crer nas orações fortes; é preciso crer no Auto da Compadecida.

Carlos Newton Júnior

Poeta, ensaísta e professor universitário.


Detalhes Técnicos

Edital nº 6

Arte: Zélia Suassuna e MDVS/RGM

Processo de Impressão: Ofsete

Papel: cuchê gomado

Folha com 18 selos

Valor facial: 1º Porte da Carta

Tiragem: 180.000 selos

Área de desenho: 25 x 59mm

Dimensão do selo: 25 x 59mm

Picotagem: 12 x 11,5

Data de emissão: 16/6/2021

Locais de lançamento: João Pessoa/PB e Recife/PE

Impressão: Casa da Moeda do Brasil



149 visualizações

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page